Técnica de fertilização aumenta as chances de gestação de meninas
Médicos brasileiros descobriram que um dos métodos de fertilização, empregado em casais com infertilidade masculina, eleva as chances de gestação de meninas.
O trabalho foi apresentado durante o Congresso Europeu de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), realizado este ano, em Estocolmo, na Suécia.
A técnica, chamada pelos especialistas de super ICSI (injeção intracitoplasmática do espermatozoide morfologicamente selecionado) permite visualizar o espermatozóide com uma resolução de 6600 vezes, e produz embriões com maior probabilidade de estarem geneticamente normais.
“Curiosamente, o procedimento mostrou que a incidência de embriões do sexo feminino também foi expressivamente maior: 64,7% contra 53,8%”, explica Edson Borges, diretor do Fertility, Centro de Fertilização Assistida, em São Paulo, e um dos responsáveis dos pela descoberta.
A Super ICSI aumenta as chances de fecundação, gravidez saudável e diminui o risco de aborto. Segundo o especialista, não há razão cientifica clara que justifique a prevalência de espermatozoides femininos.
O “achado”, como Borges define a descoberta, não fere a ética médica tampouco abre precedentes para que futuros pais decidam previamente o sexo de seus desejados filhos.
“É interessante, surpreendente e desperta para estudar mais e melhor a fisiologia do espermatozóide. Apenas isso.”
A escolha do sexo do bebê só é permitida quando empregada para prevenir a transmissão de doenças genéticas relacionadas ao sexo, como a hemofilia – prevalente em meninos.
“Somente nesses casos se justificaria selecionar embriões do sexo feminino. No geral, porém, tratam-se apenas de possibilidades. Via de regra, o esperma que carrega o cromossomo X resultará numa criança do sexo feminino e o que carrega o cromossomo Y produzirá um menino. Nossa seleção é feita para garantir embriões saudáveis, que podem resultar numa gestação bem-sucedida. Jamais discriminamos o sexo do bebê”, afirma Borges.
Assumpto Iaconelli, ginecologista e especialista em fertilização assistida, prega cautela na utilização da técnica. “Esses dados somados trazem importantes implicações éticas. A técnica IMSI (Super ICSI) não deve ser considerada um procedimento de seleção sexual natural. Portanto, não dever ser procurada ou recusada por pacientes cuja intenção é ter uma criança de um sexo específico.”
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